Pela luz dos olhos de Nelson Rodrigues de Souza

(texto extraído do blog – http://pelaluzdosmeusolhos.blogspot.com/ – publicado em 11 de julho de 2011)

“A Falta Que Nos Move” (Brasil/2009) de Christiane Jatahy

Não percam por nada “A Falta Que Nos Move” de Christiane Jatahy (Brasil, 2009; só agora entra em cartaz!!!), com fotografia de Walter Carvalho, em digital, lindíssima, de tons escuros que caminham para um final luminoso, tendo tudo a ver com a evolução dramática do que se vê. Há possíveis influências/sintonias do Dogma 95, de John Cassavetes, ecos de “Esperando Godot” de Becket, de Eduardo Coutinho (“Jogo de Cena” e principalmente “Moscou”), das adaptações muito sinceras e íntegras de Domingos de Oliveira de peças suas para o Cinema, tudo muito bem “digerido” e transformado num filme tocante e singular, com luz própria, que se beneficia bastante com o trabalho teatral que a diretora vem desenvolvendo.

Um filme está sendo feito numa bela casa, de onde se vê paisagem privilegiada da Lagoa&montanhas&prédios, durante um jantar&seus preparativos etc. na véspera de Natal, com um convidado esperado que não chega, mesmo tempos depois que todos os atores já atuam, através de mensagens por celular da diretora ( que também é um personagem, mas oculto).Tem-se um jogo entre o que são emoções, recordações verdadeiras dos atores reais, o que podem estar improvisando e o que seja encenação já demarcada antes. É melhor nem tentar distinguir nada e embarcar num crescendo de emoções à flor da pele, bastante revelador de uma geração, por mais que Pedro Brício (os personagens tem o nome dos próprios atores) tenha razão ao questionar o conceito de geração, dado que as pessoas são muito heterogêneas e singulares.

A obra nos remete a uma geração de classe média que nem quer tomar a tocha olímpica de pais resistentes à ditadura militar ou de outros ideais/ideologias, mas também se sentem desconfortáveis com a pasmaceira, a passividade e o conformismo dominante, que agora (depois do filme pronto) está sendo um tanto quebrado com marchas pela liberdade no Brasil (o que é muito pouco, mas melhor que nada), os movimentos nas ruas de Madri, Barcelona e principalmente nas revoltas no norte da África e no mundo árabe ( quem imaginaria?), com forte auxílio das redes sociais, evidenciando que tudo na vida pode ser uma faca de dois gumes. Neste caso há o gume da alienação masturbatória e narcisista dos encantos do uso de gadgets computacionais os mais variados empregados com fanatismo e a possibilidade de tentar (e conseguir como é o caso do Egito e da Tunísia, por exemplo) utilizá-los para fins mais objetivos de mudanças sociais fortes. O filme do “regional aldeia Brasil” tem ressonâncias universais. E é bom que se ressalte: a obra de Jatahy também vai além de “conflito de gerações”, para tocar fundo em questões que dizem respeito à condição humana.

“São 5 atores.13 horas contínuas de filmagem. Dirigidos por mensagem de texto. Realidade e ficção no limite da tensão” (http://afaltaquenosmove.com/ ).

Kiko Mascarenhas é aquele que quer ser obediente às regras estabelecidas pela direção, por mais que elas venham se mostrando irrealizáveis. Pedro Brício (na melhor entre tantas ótimas e dificílimas atuações) é o que mais contesta Kiko querendo que ele “caia na real”, deixe de ser autoritário, controlador e facilmente suscetível como quando Pedro faz alusão ao seu irmão, vendedor de Ipods ( que será mostrado como um traficante depois).. Marina Vianna e Cristina Amadeo são filhas de pais resistentes à ditadura militar, à maneira deles e querem uma identidade para si que não seja a desejada pelos pais, com Mariana subestimando até a barra pesada que eles enfrentaram, procurando ser conciliadora. Cristina Amadeo é a que mais se aproxima de Kiko, mas também o critica, ao seu modo. Daniela Fortes é a mais doce. Os atores estão mais fortes no filme porque seus personagens são mais fortes, mas as mulheres não deixam de trazer emoções e questões instigantes à tona, principalmente Marina.

Ruy Gardnier escreveu no site Contracampo (http://www.contracampo.com.br/64/entrecasais.htm), que o Dogma 95 só deu frutos podres, posição equívoca já pelos primórdios: “Os Idiotas” de Lars Von Trier e “Festa de Casamento” de Thomas Vinterberg (ambos, Dinamarca /1998) são tão instigantes, petardos críticos pertinentes, vão fundo no desmonte de “teatros sociais”, sendo tão extraordinários que hesito e nem consigo escolher de qual mais gosto. Embora “A Falta Que Nos Move” não seja um filme ortodoxo às regras do Dogma 95 (http://pt.wikipedia.org/wiki/Dogma_95 ), dele se diferenciando em muitos aspectos, no conjunto é um ótimo fruto dele. A estética do movimento veio para ficar, obedecida em parte ou no todo. Não é a maneira de se opor às formas hegemônicas de se fazer Cinema, mas é uma das ótimas maneiras.

A trilha de “A Falta Que Nos Move” vai desde um trabalho original de Lucas Marcier, Rodrigo Marçal e Luciano Correa, músicas dos Talking Heads, como contém um momento belíssimo de um grande sucesso de Guilherme Arantes ( compositor e cantor brasileiro que precisa ser mais valorizado) que é “Meu Mundo e Nada Mais”, já um clássico (http://letras.terra.com.br/guilherme-arantes/46312/ ), pertinente no todo em que é apresentada, onde um trecho expressa ainda mais o sentimento crescente dos personagens de que por mais que tentem ser felizes com aquele encontro em tempo de comemorações de Natal, estariam melhores em seus mundos particulares ( o que Pedro Brício vai explicitar com mais força ao final, declarando-se muito arrependido de estar ali): “Eu queria tanto/ Estar no escuro do meu quarto/ À meia-noite, à meia luz/ Sonhando! Daria tudo, por meu mundo/ E nada mais…”. Uma das sequências mais belas do filme.

O cinema contemporâneo tem trabalhado muito a questão da metalinguagem. “A Falta Que Nos Move” embarca nesta vertente, mas com grande pujança, emoção e criatividade, que além dos atores, texto e direção e da citada fotografia, advém também muito da câmera ágil que o digital permite, operada por Lula Carvalho, dentre outros. Assim temos uma investigação do que pode ter de cinematográfico no teatral e de teatral no cinematográfico, como nos últimos filmes de Domingos de Oliveira, sendo que os dois momentos supremos no Cinema desta ânsia metalinguística são “ Fellini 8 e Meio” (1963) de Federico Fellini e “Salve o Cinema” de Mohsen Makhmalbaf ( Irã, 1995), meu cineasta iraniano predileto, mesmo não perdendo de vista os grandiosos Abbas Kiarostami ( do recente “Cópia Fiel”) e Jafar Panahi ( “Fora do Jogo”). Enfim, desde que trabalhada com talento e singularidade, a metalinguagem é um dos temas eternos do cinema que veio para ficar, assim como aspectos e o espírito do Dogma (que no fundo não quer ser nada dogmático, mas uma saudável provocação, grande incentivo à criação, fora dos dogmas hegemônicos). Até mesmo Lars Von Trier na acachapante e atordoante obra-prima, Palma de Ouro em Cannes, “Dançando no Escuro”, mescla ideais do Dogma com narrativa mais tradicional, com grande impacto e expressividade, na via-crúcis de uma mulher operária nos EUA, que vai perdendo a visão e precisa pagar uma operação cara, para que seu filho pequeno não tenha o mesmo destino, explodindo todas as convenções do gênero musical. Não é à toa que o nostálgico e conservador Rubens Ewald Filho odiou!

“A Falta que Nos Move” em sua experimentação muito bem sucedida não tem este caráter de explosão de linguagens tanto acentuado assim. O que se ressalta mais são explosões fascinantes e comoventes dos personagens que em nada se assemelham a “atores canastrões da própria vida”, com exceções, que “atuam” num BBB da Globo, algo pra mim insuportável ( já tentei assistir mais e execrei o que vi), comprometidos que estão por ganharam “titulo de celebridades “a la Andy Warhol” e os 15 minutos de fama, uma fantástica bolada ao final do programa, mesmo que para isto tenham de mentir, fingir, dar rasteiras em colegas etc. Se comento isto é porque li críticas que aludem a certa influência de realities shows ( pra mim, uma praga que assola a televisão mundial e principalmente a brasileira) na obra de Jatahy. O fato de em “A Falta que Nos Move” termos profissionais envolvidos de grande talento, experiência e sensibilidade, em todos os níveis e tendo como meta atingir grande beleza na arte cinematográfica, faz toda a diferença. Comparar com BBB é um sacrilégio.

O filme em essência é o próprio e lindo título: os personagens/atores são movidos pela falta, assim como, a rigor, todos nós. No dia em que nos sentirmos realmente e totalmente plenos (o que é inatingível), só nos restará morrer. Para o filósofo Arthur Schopenhauer, uma inspiração para o filme, esta sensação de plenitude só viria mesmo em vida atingindo-se o nirvana, conforme as ideias do budismo. Mas como para nós ocidentais, de modo geral, será possível isto? O grande professor, crítico teatral e filósofo Gerd Bornheim (já falecido, um dos poucos brasileiros, entre os que conheci/li em que realmente consigo associar verdadeiramente a esta condição; outros que observei são mais professores de filosofia do que filósofos propriamente ditos) declarou num seminário assistido, com toda razão que por mais que tentemos, nossa herança judaico-cristã ocidental é muito forte e é dificílimo, senão impossível, para nós ocidentais, nos livrarmos inteiramente dela e seu peso.

O filme, com algumas regras rígidas (pouco se sai da bela sala claustrofóbica: uma das exceções é a ida para um quarto onde uma transa angustiada entre Kiko e Cristina mal se realiza) no fundo é uma ode à impossibilidade de controlar o fluxo indeterminado da vida, fruto do acaso, do imponderável ( ou de Deus?), que é aonde está sua maior riqueza. Por mais que planejemos nossas vidas (isto é imperioso), parece nos “dizer” o filme, “20% vem do planejado e 80% é indeterminação”. O primeiro é exceção, o segundo é regra (pelos menos minha vida em retrospecto revela isso e de outras pessoas que acompanhei). Não aceitar isso é um atalho para a infelicidade e a frustração, amargura. Aceitar isto é um risco, mas incontornável, aonde um gozo consistente da vida pode acontecer mesmo com intermitências, os “fundos e topos”: “Tristeza não tem fim. Felicidade sim”. É certo que “não há ventos favoráveis para quem não sabe para onde ir”, mas se formos obstinados, fundamentalistas, numa meta, não perceberemos “ nem os ventos favoráveis, nem os desfavoráveis e muitas vezes nem os distinguindo”.

“Viver é muito perigoso”;”É o diabo na rua no meio do redemoinho” – nos reitera várias vezes Riobaldo em “Grande Sertão: Veredas” de Guimarães Rosa, ou de uma forma mais simples, “São demais os perigos desta vida”- Vinícius de Moraes. É deste conflito entre planejamento e grande indeterminação que vem as grandes aventuras e/ou desventuras humanas. Há os que se apegam às “felicidades catalogadas” segundo Clarice Lispector, para mergulharem na infelicidade, pois se a rigor a felicidade como um estado constante não existe (o que existe são momentos felizes que não podem ser desperdiçados), infelicidade, infelizmente, parece existir mesmo. E a sociedade humana com seus tabus, seus preconceitos, suas burocracias disfarçadas de ideologias ou políticas, sua total despreocupação com a felicidade humana (como lembrava o angustiado Rainer Werner Fassbinder e tematiza em muitos dos seus filmes), algo agora ainda mais radicalizado, com tanta pulverização e incitação ao consumo exacerbado (até ao de bens culturais, o que feito em doses cavalares, sem tempo para meditação pode ser contraprodutivo e sofisticadamente alienante, quando não, comprometedor da própria vida) é uma usina de armadilhas para a infelicidade.

“A Falta que nos Move” é uma obra que nos demove da passividade rotineira de muitos filmes homogeneizados, higienizadores, conformistas, mas sem também o ranço de muitas experimentações com a linguagem que se comprazem nesta atitude, como se dali não tivesse que brotar grande vitalidade também, autênticos tiros nos próprios pés que são, chatos de doer.

O filme nos move a muitas reflexões tanto com o que mostra, quanto com o que não mostra, mas fica insinuado, mais no extracampo das ideias do que das imagens, deixando uma visão clara de que não podemos compreender o mundo de hoje olhando apenas para nossos umbigos e pares, mas sim mirando outras gerações, seus impasses existenciais e emocionais que podem até serem um tanto diferentes dos nossos, mas também os iluminam, pois no fundo se trata da condição humana, de sermos todos “personagens em busca de um autor”. Em meio às indeterminações uma certeza fica: não se pode mesmo esperar Godot. Se um dia encontrarmos Godot, é porque ele veio até nós e não porque nós fomos até ele em vida, ou o esperamos.

Curiosa e sintomaticamente é a direção fria de um filme dentro do filme por mensagens de celular, esse ícone da comunicabilidade que se tornou avatar fetiche da incomunicabilidade neurótica, que mais contribui para a confusão no ânimo dos personagens/atores. Numa estética, orçamento e proposta completamente diferente, mas também arrebatadora, em “Os Infiltrados” de Martin Scorsese, um dos mais impiedosos retratos da contemporaneidade, a grande dose de violências físicas eclode também por insuficiências e confusões de onipresentes celulares, que acabam sendo tão mortíferos indiretamente quanto as armas o são diretamente.

A grande explosão de Pedro Brício ao final, o pedido de desculpas chorando de Kiko, gerando depois o convite a que todos façam o que tem de mais íntegro e verdadeiro, depois de todo o ocorrido, que é chorar para a câmera, com closes e planos gerais, constitui uma sequência belíssima, a se reter. Como também o corte para o brinde de todos à vida, às mentiras bem contadas etc., quando o dia já está amanhecendo e um café está sendo preparado. Um filme inteligente e sensível até no otimismo que advém do pessimismo total catártico, num mundo onde cada vez mais o único consenso é o dissenso.

Com “A Falta Que Nos Move”, Christiane Jatahy tem a mais auspiciosa estreia no longa-metragem, no terreno da ficção ( mesmo que mesclada à realidade) no Cinema Brasileiro, desde Karim Aïnouz em “Madame Satã” ( 2002) e Marcelo Gomes em “Cinema, Aspirinas e Urubus” (2005). É o filme brasileiro do ano até aqui. Dificilmente superável.

Ps1 Está em cartaz no Teatro Sérgio Porto até o final de julho, “O Livro” de Newton Moreno, direção de Christiane Jatahy, num trabalho incrível de Du Moscovis como alguém que recebe um livro do pai com a mensagem de ficará logo cego e tem de descobrir o que fazer no tempo que resta, indeterminado, de visão, num jogo em que emoções do ator também ecoam nas do personagem, em uma cenografia de papéis enormes e extensos muito bela.

Os demais trabalhos da diretora acompanhei pela imprensa. Certa noite no CCBB por um triz não fui ver “A Falta que Nos Move” na Casa França Brasil. Optei por ver mais um filme de um importante festival no CCBB. Algo do que me arrependo hoje, vendo o que se mostra no cinema. Para um maior conhecimento do teor do espetáculo teatral que deu origem ao filme e seus antecedentes, vale a pena acessar http://www.artepluralweb.com.br/atualizacao/releases/06/novembro/sescpaulista_christiani.htm

Como o título “A Falta que nos Move” vem do filósofo Arthur Schopenhauer, também é muito interessante ter uma visão geral de vida e obra através de

http://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Schopenhauer

Ps2 O filme merece ter sido bastante prestigiado no fim de semana de lançamento, pois tem aquela velha e triste história do fatídico (e errôneo) critério mercadológico do desempenho neste período determinando a carreira de um filme, sem tempo suficiente para o boca a boca surtir seus melhores efeitos. Se com outras artes acontecesse isto, acabariam. No entanto o Cinema Brasileiro mais autoral resiste! Um prodígio, num país em que o diagnóstico de Paulo Emilio Salles Gomes em “Um Intelectual na Linha de Frente”, “Trajetória no Subdesenvolvimento”e outros textos, continua atualíssimo: “O Cinema Brasileiro é estrangeiro em sua própria terra”. Mas é bom não esquecer que há cineastas brasileiros que mesmo trabalhando com orçamentos muito maiores do que os de Jatahy, conseguem imprimir sua marca autoral e atingir o grande público, tendo espaço mais assegurado no circuito. Não são muitos, mas existem. É o caso de Hector Babenco, Cacá Diegues, Walter Salles, José Padilha ( e poucos outros que não me ocorrem agora). Mas no conjunto de propostas bem autorais do Cinema Brasileiro, “são exceções que confirmam a regra”.

Ps3 Consultando a programação do circuito a partir de sexta-feira, 7 de julho constato que o filme continua no Arteplex com 3 sessões diárias e no Vivo Gávea com duas. Mesmo mal, ainda que merecesse mais.

Ps4 Uma crônica teatral da minha geração, dos que nasceram por volta de 1954 (eu só quis vir ao mundo dois meses depois que Getúlio morreu, no final de outubro deste ano…; por mais que ele tenha sido injustiçado no fim da vida, levando-o a um estratégico suicídio, nunca suportei a ideia que este grande e criminoso ditador do Estado Novo tivesse sido eleito democraticamente depois….) está no delicioso e crítico “Salve Amizade”, escrito e dirigido por Flávio Marinho. Sou de uma geração que era jovem demais para “embarcar” no movimento hippie, na contracultura, como também na resistência ao regime militar na luta armada ou outra forma de luta, se educou em todos os níveis (quem conseguiu…) durante a brabeza deste período, se formou nos estertores deste regime, trabalhando e pegando rebordosas deste e quando o país foi se democratizando, também enfrentou a dureza de fortes crises econômicas e políticas sucessivas, sendo que ainda pegamos os primórdios da revolução da informática com os microcomputadores, que exercia fascínio, mas era também intimidadora e aterrorizante, o que hoje os jovens “tiram de letra” etc. Mas conseguimos viver um razoável tempo em que o vírus do HIV não era um problema. Ufa! Pelo menos isto!Ah! Sim…Algumas formas de resistência à ditadura militar, não radicais foram possíveis. Num outro post, relato minhas experiências.

Da peça muito bem humorada (mas das que o humor às vezes dói ),em que duas mulheres sem namorados pensam em conquistar dois homens com quem estudaram ( mas um deles é gay e o outro comprometido), tem pelo menos uma fala inesquecível que vem da jornalista vivida por Louise Cardoso, sem filhos, sem marido:”Se eu não sei mais o que é certo ou errado para mim mesma, como é que eu saberia o que é certo ou errado para um filho?”

Fazem parte de minha geração, além do dramaturgo e diretor Flávio Marinho, o jornalista Artur Xexéo ( uma roleta russa: tanto pode escrever coisas interessantíssimas, como também as abobrinhas mais irrelevantes e dispensáveis), o cineasta Bruno Barreto ( com vasta filmografia, alguns filmes excelentes, bastante subestimado por fazer parte do “clã Barreto”, odiado por muita gente – que superestimam os erros e esquecem as grandes qualidades e o papel histórico louvável- e pela condição lembrada por Tom Jobim: “No Brasil fazer sucesso muitas vezes é uma ofensa”), o ator Diogo Vilela ( entre os grandes desta geração, com muitíssimos mais acertos na carreira prodigiosa, do que “erros”) e outros que eu e vocês podemos pesquisar. Só fomos salvos nesta jornada, pelo esforço pessoal e principalmente pelas amizades conquistadas, mas também frutos de situações indeterminadas, encontros mágicos. Salve amizade!

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