CHRISTIANE JATAHY

foto de Leonardo Aversa

 

Autora e diretora de teatro e cinema. Nos últimos anos montou espetáculos que dialogavam com distintas áreas artísticas e novos dispositivos de criação. Em teatro montou a trilogia “ Uma cadeira para solidão, duas para o dialogo e três para a sociedade”. Peças que transitavam entre as fronteiras da realidade e da ficção, do ator e do personagem, do teatro e do audiovisual. Foram elas: “Conjugado”, “ A Falta que nos move” e “Corte Seco”.

A pesquisa tem como objetivo principal  a experimentação a partir de algumas linhas de fronteira tais como; o ator e o personagem e a realidade e a ficção em cena e na matriz para a construção de dramaturgias em processos colaborativos e além de uma série de dispositivos para gerar tensões criativas e diferentes teias relacionais entre a cena e o público. No ano de 2009, o trabalho se expandiu para o cinema com o filme A Falta que nos Move, filmado em 13 horas contínuas, sem corte, por três câmeras na mão. O material foi editado e hoje é um longa metragem, além de ter sido exibido em três telas de cinema, durante 13 horas em uma performance cinematográfica que começou exatamente na mesma hora que começou a filmagem, 17.30 e acabou as 6.30 da manhã. A pesquisa de uma linguagem híbrida entre o teatro/performance e o cinema, está presente no próprio filme e também na peça Corte Seco. Corte Seco é uma peça editada ao vivo, com uma estrutura dramatúrgica que muda a cada dia. A peça acontece na palco e no entorno do teatro que é cercado por câmeras de segurança . Algumas cenas acontecem na rua e são vistas em cena pelo público. Em 2011, com o espetáculo Julia, o trabalho incluiu a possibilidade de criar uma dramaturgia cênica contemporânea a partir de alguns clássicos. Na montagem de Julia cinema e teatro convivem integralmente, um filme é feito ao vivo a cada dia, misturando cenas pré-filmadas e cenas captadas na presença do público. O texto de Strindberg se mantém presente, atualizado pelo olhar da câmera e pela adaptação para os dias de hoje da trama criada no século XIX, trazendo para cena questões sociais e políticas sobre o Brasil atual.

Além dos dispositivos para a criação, todos os trabalhos da diretora tem como conteúdo principal a realidade do Brasil e um olhar sobre a sociedade atual. A vida entra na cena através da pesquisa em campo para a criação do espetáculo e também da relação do trabalho com o momento presente, com o aqui e agora.

As peças viajaram para festivais no Brasil, festivais internacionais e foram indicadas aos principais prêmios de teatro. Em cinema, criou e dirigiu o filme “A Falta que nos move” transposição cinematográfica da peça com o mesmo nome. O filme foi apresentado em festivais no Brasil e no exterior e foi lançado em todo o Brasil em 2011. Em 2011 estreou a peça JULIA, em que um filme é feito ao vivo no teatro e pela qual ganhou o Premio Shell de Melhor Direção. Em 2012 foi a diretora artística do projeto Rio Occupation London, residência com 30 artistas de diferentes áreas criando trabalhos inéditos durante a Olimpíada Cultural de Londres. Dentro do Rio Occupation London criou e realizou o trabalho “In the Comfort of your home”, um projeto em que os ingleses ou imigrantes residentes ofereciam suas casas para serem ocupadas com performances pelos artistas. participantes As performances foram filmadas e mostradas em Londres em uma instalação cinematográfica. Seu próximo projeto “ E se elas fossem para Moscou?” é um projeto sobre a utopia. Uma mistura de teatro, cinema e performance nas ruas, com estréia prevista para o primeiro semestre de 2014.

 

CIA VÉRTICE foi criada para dar seguimento e aprofundar a pesquisa de linguagem de um teatro que se articule com os procedimentos da contemporaneidade. Provocando o espectador e o artista participante a gerar novas abordagens e novos pontos de vista em relação a cena. A pesquisa de linguagem da Cia transita por algumas zonas de fronteira, tais como; a presença real (aqui e agora) do ator na cena e a referência ficcional do personagem, o real e o ficcional na dramaturgia se misturando e gerando uma terceira zona teatral, a indefinição proposital entre o território do ator e o do público, o diálogo com outras áreas artísticas e o uso de espaços não convencionais ou uso não convencional de espaços tradicionais. O que se pretende com essa pesquisa, é abrir frestas para que o espectador colabore com o que vê, saindo da passividade receptiva para uma atividade construtiva da cena, buscando devolver ao teatro seu caráter participativo e de reflexão.

2004 “Conjugado” / 2005 “A Falta que nos move” peça/ 2006 “Leitor por horas”
2009 “A Falta que nos move” filme/ 2009 “Corte Seco” / 2011 “Julia”/ 2012 In the Comfort of your home